Suas performances em Belfast, drama da era dos The Troubles de Kenneth Branagh, faz com que Jamie Dornan e Caitríona Balfe sejam cotados para as glórias das premiações. Aqui, as estrelas contam a Olivia Mark sobre crescer na Irlanda, família, fama e o verdadeiro significado do filme. Fotografados por Scott Trindle. Styling por Julia Brenard
Como leitores regulares dessa, ou qualquer, revista sabem que entrevistas de celebridades tendem a serem feitas em determinados locais: nos cantos lisonjeiros levemente iluminados de um glamoroso restaurante, cafeterias não muito conhecidas na vizinhança, suítes de hotéis anônimas, mas luxuosas. Igrejas? Não muito. Mas, devido ao a série de circunstâncias (muito tediosas para serem contadas novamente aqui), é em uma moderna e reservada capela de uma igreja no norte de Londres, sentados em pesadas cadeiras de madeiras com uma robustas Bíblias de couro escondidas por baixo deles, que Catríona Balfe e Jamie Dornan se encontram para sua entrevista com a Vogue.
Inevitavelmente, a conversa rapidamente se direciona para religião. “Simplesmente, para mim não dá,” diz Dornan, 39, em um tom profundo e despreocupado de Belfast instantaneamente reconhecível. Ele se encosta em sua cadeira, um saco de chá é mergulhado no fumegante copo em suas mãos. “Independentemente do que sinta precisar, qualquer coisa que seja que o ajude,” ele continua. “Eu apenas nunca precisei de religião para me dizer como tratar as pessoas bem.”
“Eu entendo o valor em termos como por exemplo, de comunidade,” interrompe Balfe, 42, a filha de uma mãe conselheira matrimonial Católica, em seu delicado e cantado sotaque irlandês. “Mas é esse tipo hipocrisia organizada e todo o resto que me incomoda…”
É de alguma forma intenso, embora não completamente inadequado, lugar para discutir o eminente projeto dos atores, Belfast, um filme semiautobiográfico de Kenneth Branagh sobre sua infância na capital da Irlanda do Norte no início dos Troubles em agosto de 1969. Balfe e Dornan interpretam Ma e Pa, os pais de Buddy de um garoto de nove anos (baseado em Branagh), que, com o crescimento da violência em sua vizinhança, atingindo sua unida comunidade de vizinhos Protestantes e Católicos, que faz que eles encaram uma agonizante decisão: eles devem deixar tudo o que eles já conheceram para se mudarem para Inglaterra? Ou eles devem ficar e se arriscarem?
Filmado em uma rica atmosfera em preto e branco (uma homenagem para Henri Cartier-Bresson, diz Branagh), é um filme profundamente sugestivo, um que alavancou todos os envolvidos – Branagh, Dornan, Balfe, ao lado de Ciarán Hinds e Judi Dench, e o encantador jovem estreante Jude Hill – para a liderança de qualquer conversa sobre premiações.
“Se você nasceu lá, e foi criado lá, você está bastante consciente do fato que você é de um lugar bem complicado,” diz Dornan sobre sua própria experiencia em crescer em Belfast nos anos de 1980 e 90. De uma família de classe média alta Protestante (seu pai, obstetra e pioneiro médico Jim Dornan, morreu de Covid-19 ano passado), ele é cuidadoso ao pontuar sua existência privilegiada, distante da maioria da classe trabalhadora das áreas da cidade que se tornaram um campo de batalhas. Sua escola era “50/50” Protestante e Católica. (Até mesmo agora apenas sete por cento das escolas na Irlanda do Norte são integradas, diz Dornan, “é insano”.) No entanto, “Do dia em que nasci, até o dia que fui embora, as pessoas realmente estavam lutando uma guerra civil.”
Balfe, entretanto, vivia na República da Irlanda, um dos setes, bem na fronteira em Monoghan. Era, ela diz, “era uma área bastante apoiada pelo IRA. Mas, meu pai era um sargento de polícia – essa era razão pela qual estamos lá – então nos tornamos bastantes apolíticos.”
Para ambos a ideia de “lados”, de divisão não está presente no seu dia-a-dia. Pelo menos eles não estavam cientes disso, como crianças geralmente não são. “Sempre quando penso naquela época se tornando normal, isso não era normal,” diz Dornan. “Tipo tentar sair com seus amigos nas tardes de sábado na cidade e poderia ter o medo uma bomba.”
“Lembro de irmos frequentemente fazer compras no Norte,” adiciona Balfe, “e você iria aos pontos de checagem pelo menos uma vez na semana. Nós nem mesmo pensávamos sobre isso até nossos primos chegarem do Sul e eles estavam aterrizados de passar por isso, porque haviam soldados britânicos com metralhadoras apontadas no carro perguntando por seus documentos.”
Eu me pergunto se interpretar Ma e Pa os permitiu ter uma nova perspectiva, para eles enxergarem, através dos olhos de personagens adultos, suas próprias infâncias naquela época na história da Irlanda – particularmente porque ambos são pais agora. Dornas e suas esposa, Amelia Warner, tem três filhas – elas são o papel de parede do seu telefone, que ele me mostra, espontaneamente, hoje mais cedo, absolutamente apaixonado. Bafe recentemente se tornou uma mãe pela primeira vez, seu filho de 10 semanas de idade a razão pela qual ela teve que passar 30 minutos com uma máquina de amamentação no fundo de uma van entre as fotos para esse ensaio. (Você não saberia: sua pele impecável e um cabelo castanho brilhante não dão quaisquer sinais de falta de sono.)
“Eles capitaram A intensidade e sensualidade de um elacionamento.” diz Kenneth Branagh sobre as performances de Jamie Dornan e Caitríona Balfe em Belfast.
“Agora eu tenho filhas,” diz Dornan, depois de uma pausa. Ele olha para o outro lado. Está claro que uma cena está surgindo em surgindo em sua mente. “F*d*-se,” ele continua. “A ideia deles checando debaixo dos seus carros por bombas nas suas entradas de casa… Isso era o normal. Você não consegue nem imaginar isso agora.”
Muito filmes documentaram e dramatizaram os Troubles, mas a maioria deles decidiram focar no lado violento, nas ideologias. Em, Belfast, Branagh decidiu oferecer uma nova visão, uma em que coloca uma comunidade sob os holofotes que tem sido pressionada pela violência.
Sim, o filme mostra intimidações e bombas, motins e medo, mas também as festas nas ruas e cantorias, uma jovem história de amor, os altos e baixos rotineiros de um casamento. Demonstra a vida como ela é. “Bem no início do conflito, eu quase não percebi que seria assim, na verdade, apesar das barricadas, havia danças nas ruas,” admite Dornan. “Não era um puro terror desde o início. Ainda havia esperança. Acho que é muito importante frisar isso.”
Branagh começou a escrever o filme durante o primeiro lockdown; já no verão de 2020 eles estavam produzindo. “Um amigo me perguntou quanto tempo demorou para escrever o roteiro,” Branagh escreve através de um e-mail. “Eu respondi, ‘três meses.’ Ele disse, ‘Sim, três meses e cinquenta anos.’” Sobre suas estrelas ele diz, “Eles captaram a intensidade e sensualidade de um relacionamento, e o desejo pela vida. Eles se jogaram na dança, o que fez uma tremenda energia ao redor. Eles se provocam constantemente sobre – suas limitações, e cuidavam um do outro.”
As provocações estão a todo vapor hoje. “Você não sabia sobre a carreira musical dele?” Balfe pergunta, fingindo inocência, quando pergunto sobre a carreira de cantor em Belfast, e seu número musical-dançante sua mais recente comédia cult Barb and Star Go to Vista Del Mar. Balfe está se referindo ao período de Dornan como um vocalista de uma banda. “Eu não posso colocar em palavras quão difícil é fazer com que as coisas sejam deletadas da internet,” ele murmura. (Sobre seus talentos musicais, ele é modesto: “Eu sempre sobre que sei cantar tanto quanto o próximo maldito ator babaca que sabe.”)
Dado o quanto eles se dão bem, é surpreendente que eles se conhecem a apenas alguns anos atrás, e especialmente, então quando você considera o quanto similar suas vidas são em muitas maneiras, veja os paralelos de vidas: idades parecidas, ambos da Irlanda, ambos desfrutam de carreiras bem sucedidas como modelos antes de entrarem para o mundo da atuação. No começo dos anos 2000, Balfe era uma forte modelo de passarela, fazendo trabalhos para Chanel, Givenchy e Louis Vuitton. Como mágica na mesma década, Dornan foi conhecido como o “Torso de Ouro”, posando famosamente posando sem camisa com Kate Moss para Calvin Klein Jeans. Como pode que suas carreiras não tenham se cruzado? “Você notou” desdenha Balfe, “Eu não conseguiria tirar uma foto e Jamie não conseguiria andar na passarela.” “Lembro de ouvir que havia uma modelo de Monaghan,” responde Dornan. “Era como se fosse tipo. ‘E se…’”
Desde 2014, Balfe tem estado por um bom tempo vivendo na Escócia, onde ela filmou seis – quase 7 – temporadas da série histórica de drama Outlander, no qual ela é a protagonista. Dornan, diz ela, “está presente em círculos mais chiques”’ do que ela. É verdade que ele tem estado, para pontuar, tem tido uma carreira mais hollywoodiana dos dois. Depois de provar seus talentos de atuação interpretando um assassino em série em The Fall, ao lado de Gillian Anderson, Dornan se tornou mundialmente conhecido bem torneado e taciturno Cristian Grey na trilogia de Cinquenta Tons de Cinza. Interpretou um fotógrafo de guerra Paul Conroy, e como seu último trabalho exibido esse mês na BBC a série de suspense The Tourist, tem o ajudado a levar sua carreira para longe do legado do Sr. Grey. E agora, potencialmente uma indicação ao Oscar. Claro, que ninguém tem certeza sobre isso.
Antes disso, embora, eles tenham tido que enfrentar críticos muita mais duros: O público de casa. Uma semana antes de nos conhecermos eles levaram o filme a Belfast. Perguntei a Dornan como ele acha que será? “Brutal”, vem da sua resposta. “Existe essa nova geração que não vivenciou os Troubles, e existe esse tipo de romantização por uma causa e lutar por essa causa,” diz Balfe se referindo as instancias perturbadoras que tem se instaurado recentemente na Irlanda do Norte.” “Talvez seja pedir demais que um filme mude a mente das pessoas, mas eu acho importante que as pessoas o vejam.” Dornan, concorda: “Qualquer coisa que possa provar que não existe vencedores no final disso é ótimo para as próximas gerações enxergarem.”
Algumas semanas depois Branagh nos mandou um e-mail de volta sobre exibir o filme em sua cidade natal. Havia, ele escreve, “uma atenção vital, risadas e lágrimas, e, para minha profunda satisfação, uma sensação de orgulho nessa linda, ferida cidade de maravilhas.”
Belfast estará nos cinemas do Reino Unido a partir do dia 21 de janeiro.
Tradução: Equipe JDBR